O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu na nesta
terça-feira (5), aos 58 anos. Nicolás Maduro, vice-presidente, foi quem
anunciou, em rede de rádio e televisão, a morte do presidente Hugo
Chávez.
No pronunciamento,
Maduro disse que, nas próximas horas, o governo vai informar onde será
velado o corpo de Chávez e dará detalhes sobre o sepultamento. Maduro
pediu que o povo venezuelano enfrente este momento "com o amor que
Chávez ensinou". O vice-presidente encerrou a fala com a frase: "Viva
Hugo Chávez! Viva para Sempre".
Hugo
Chávez assumiu o poder há pouco mais de uma década e sinalizou que
pretendia se manter à frente do governo por tempo indeterminado. Em
outubro de 2012, foi reeleito e, pela primeira vez, venceu com pequena
diferença de votos: obteve 54%, enquanto o adversário Henrique Capriles,
44%. Como paraquedista militar, Chávez sempre se orgulhou da disposição
física. Era praticante de beisebol e fazia caminhadas diárias. Porém,
no ano passado, admitiu estar com câncer.
Chávez
foi internado em Havana, Cuba, para três cirurgias de urgência. Em uma
delas, o presidente informou ter retirado um tumor da região pélvica.
Dias depois confirmou que estava com câncer. Informações atribuídas a
assessores indicaram duas suspeitas para o tumor de Chávez: no cólon ou
na próstata. Porém, não houve detalhamento oficial.
Em
dezembro de 2012, Chávez retornou a Cuba para mais uma cirurgia. Antes
de deixar a Venezuela, pediu à população para que, na eventualidade da
sua ausência, apoiasse o vice-presidente, Nicolás Maduro. A reação de
Chávez surpreendeu e foi interpretada como a antecipação da transmissão
do cargo de presidente. Imediatamente à partida de Chávez, foi aberta
uma disputa política interna no país entre governistas e oposicionistas.
Chávez
ficou mais de dois meses em Cuba. Depois, retornou à Venezuela. No
comando do governo durante 12 anos, a palavra de ordem de Chávez foi a
Revolução Bolivariana em defesa da unidade latino-americana e da
melhoria da condição de vida dos mais pobres. Definindo-se como
socialista, o presidente era um crítico do neoliberalismo, da
globalização e da política norte-americana. Também se dizia defensor do
nacionalismo adotando medidas estatizantes e causando temores em
investidores externos, segundo especialistas.
Desde
2000, Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia do
país. Inicialmente, estatizou a siderúrgica Sidor – responsável por 85%
da produção de aço no país – no mesmo período, ele começou o processo
de nacionalização da empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA), ação
concluída em 2007.
No ano
passado, o presidente da Venezuela anunciou a nacionalização de 11
plataformas de petróleo norte-americanas vinculadas à empresa Helmerich
& Payne. Anteriormente, foi anunciada a estatização de fábricas do
México, da França e da Suíça.
Na
sua gestão, o venezuelano adotou como base as ações que se destinam à
política assistencial envolvendo campanhas de alfabetização, de combate à
desnutrição e à pobreza. Ao mesmo tempo, ele instaurou um regime
militar rigoroso no país, modificou a Constituição – permitindo a
reeleição sucessivas vezes – e alterou o sistema de funcionalismo
público.
O estilo Chávez de
conduzir a política interna e se manifestar sobre as questões externas
dividia opiniões. Amigo de Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, Muammar
Khadafi, então líder da Líbia, e Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã,
entre outras autoridades, o venezuelano não se esquivava de defender as
pessoas próximas a ele. Em 2005 e 2006, ele foi incluído entre as 100
pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista britânica The Time.
Em
2004, um grupo de manifestantes foi às ruas de Caracas pedir a saída de
Chávez. Os protestos foram contidos pelas forças de segurança e, desde
então, a relação do presidente venezuelano com a imprensa estrangeira
passou a ser tensa. Segundo Chávez, a imprensa incitava o povo ao ódio,
um dos alvos dele era a emissora de televisão Globovisión, que teve a
concessão cancelada.
Bem-humorado,
Chávez fez várias viagens ao Brasil. Em junho, quando fez a primeira
visita oficial na gestão da presidenta Dilma Rousseff, ele usou muletas,
pois alegou dores no joelho esquerdo. Anteriormente, havia desmarcado
uma viagem também se queixando de dores no mesmo joelho. Porém, durante a
vista a Brasília, brincou que seu mal era a idade. Em julho, ele
compareceu à cerimônia de adesão da Venezuela ao Mercosul e indicou
estar recuperado do câncer.
No
entanto, em dezembro, quando houve a Cúpula dos Chefes de Estado do
Mercosul, na qual estava marcada uma cerimônia em homenagem à Venezuela,
Chávez não participou. Em Cuba para tratamento de saúde, o presidente
enviou uma delegação para as reuniões.