Muita comoção, tristeza e três dias de luto
decretados pela prefeitura, esse é o clima no município de Fortuna (a
431 km de São Luís), após a notícia de que quatro filhos da cidade estão
entre os dez mortos no acidente com um avião bimotor, na cidade de
Almeirim, no Pará, na noite da última terça-feira. Além dos quatro
fortunenses, os outros cinco passageiros do avião, também eram
maranhenses, das cidades de Chapadinha e Jatobá. O empresário Leandro
Paulino, morador de Fortuna, relatou à reportagem de O Imparcial,
que a notícia da morte dos quatro conterrâneos foi um verdadeiro choque
para toda a cidade. “Ninguém quis acreditar. Parece que todos perderam
um parente nesse acidente. O luto é geral em toda a cidade”, comentou.
Luto
Foi
com lágrimas que a jovem Aline Alves de Moraes, de 23 anos, falou com a
reportagem sobre o irmão, Marcelo Alves de Andrade, de 26 anos. Segundo
ela, Marcelo, um dos quatro moradores de Fortuna que morreu no acidente
com o avião, há sete meses tinha deixado a cidade natal para trabalhar
como carpinteiro na construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio do
Jari, no estado do Amapá.
Ainda de acordo
com Aline, Marcelo, que era o segundo de três irmãos, era casado e tinha
dois filhos, uma menina de sete anos e um menino de cinco. Ele teria
resolvido ir trabalhar em outro estado com o intuito de garantir uma
vida melhor para a família. “Meu irmão saiu para buscar uma vida melhor
para ele, a mulher e os dois filhos. Queria que os filhos tivessem um
futuro digno. Era o que ele dizia”, lembra Aline.
A
irmã conta que ainda na quarta-feira, uma pessoa da empresa que Marcelo
trabalhava ligou para a esposa dele, informando sobre acidente e
dizendo que, provavelmente ele estaria entre os mortos. Ela então teria
ligado para o hotel onde o marido estava hospedado em Belém, onde foi
informada que Marcelo estava entre os passageiros que tinham viajado no
bimotor que sofreu o acidente. “Foi a pior notícia que poderíamos
receber. O que mais dói é saber que a pessoa que tanto esperávamos
reencontrar vivo, agora nem mesmo morto, poderemos ver o rosto dele”,
relata a jovem, fazendo referência ao estado de carbonização que o irmão
e as outras vítimas ficaram após o acidente.
Aline
informou ainda que seu outro irmão viajou para o Pará ontem para
acompanhar os procedimentos que serão tomados para a identificação das
vítimas, que deverá ser feito a partir de teste de DNA. Ela disse
também, que a informação que o irmão recebeu em Belém é de que, os
corpos passarão pelo procedimento de reconhecimento e que, somente
passados 20 dias da identificação, poderão ser removidos para a
respectiva cidade natal de cada um.
O acidente
O
avião, que levava nove funcionários para a Usina Hidrelétrica Santo
Antônio do Jari, no estado do Amapá, caiu a 20 km do aeroporto de Monte
Dourado, distrito de Almeirim, no Pará. A aeronave de modelo Embraer
821-Carajá, prefixo PT-VAQ, da companhia de táxi aéreo Fretax, que foi
fretada pela Cesbe (companhia de engenharia responsável pela construção
da hidrelétrica), saiu de Belém, às 19h de terça-feira e pouco mais de
uma hora depois, caiu nas proximidades de Almeirim.
Apesar
de o acidente ter ocorrido na noite de terça-feira, o avião que ficou
totalmente destruído, somente foi encontrado no início da manhã de
quarta-feira. Todos os nove passageiros, e mais o piloto morreram
carbonizados.
Após serem localizados, os
corpos foram transportados em um avião da própria empresa envolvida no
acidente, para o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPC). No
local, foi confirmado que todos os passageiros eram do estado do
Maranhão.
O CPC informou ainda que a lista
com os nomes das vítimas não seria divulgada por conta de um pedido dos
parentes dos trabalhadores mortos. Entretanto, um amigo de uma das
vítimas da cidade de Fortuna, informou a uma emissora de rádio local, o
nome de mais seis das nove vítimas, confirmando os quatro fortunenses e
dois do município de Jatobá.